quinta-feira, 9 de maio de 2013

Sôfrega



Eu poderia converter todos os sabores em desejos, mas não. Poderia escutar os pedidos e atendê-los, mas seria estupidez. Não que me faça algum mal. Absolutamente. Mas tornaria-me uma espécie de puta barata, sôfrega por qualquer nesga de atenção. Não, obrigada. Então, atendo apenas as entranhas, pois estas, bem sei, são as únicas verdades que conheço. As únicas que não tergiversam. As únicas a olharem-me nos olhos, e ver além deles.

Virei-me ao acaso e eles estavam lá. Tão ávidos, que seus paus arrebentariam o jeans, caso este fosse mais delicado. Seus olhos mesclavam depravações de toda espécie. Fitavam-me com tanto furor que, por um momento, quase senti-me lisonjeada. Excitada. Entornei, num gole apenas, o destilado. Como seria bom lembrar do sabor. Deixei o balcão e saí  do lugar. Fora, o frio cortava. Intenso, indiferente. Tenho certeza que sim. Os postes mal conseguiam parir a luz que lhes deixava as lâmpadas. Fechei a gola do abrigo, meti as mãos nos bolsos e segui em frente. Alcancei a metade do segundo quarteirão. À exceção do vento que uivava, não havia mais ninguém. Saltaram à minha frente. Os mesmos olhares. Os mesmos membros rijos em suas calças apertadas. Piadinhas sujas. Palavrório fétido. Hálitos doentios. Empurraram-me ao beco entre os quarteirões. Espremeram-me contra a parede. Suas mãos metiam-se com força em tudo o que conseguiam agarrar. 
Acho que gostei. 
Línguas sequiosas drapejavam e me lambiam. Uma até mesmo enfiou-se em minha boca, e quase senti sua textura áspera, seu gosto azedo. Baixaram-me a calça. Uivaram como cães no cio. A calcinha foi arrancada com ferocidade. Ulularam novamente, babando.

- Meu Deus! - admirou um deles.

O frio era enregelante e minhas coxas teriam se arrepiado. Tenho certeza. Eles fremiram em impudicícia. Seus paus estavam todos expostos, esfregando-me, com a vontade estourando-lhes o espírito, além da carne.
A carne.
Um penetrou-me. Estremeceu  e urrou de prazer. Como não notou? O frio...

Socava-me com violência, enquanto babava-me o colo. Os demais estavam transidos pelas perversão. O gozo chegaria rápido. Os outros instavam-no a este propósito. Queriam foder-me também. Parou por uns segundos. Justificou aos outros.

- Quero ver a bunda!

Virou-me de costas e premeu meu rosto contra a parede fria... Tenho certeza. Cruzou-me as mãos nas costas e voltou a meter, desta vez "por trás". Ia e vinha num ritmo alucinado. Grunhiu e, rápido, jorrou-me a porra toda. Gritou como um demônio, arfando, rouco. Afastou-se, num safanão dado pelo outro.

- Sai logo, porra! Minha vez!

Este percebeu.

- Caramba, essa vagabunda está congelando!

E meteu, sem cerimônias. Montou-me como a uma égua. Rebolei, e ele transiu de excitação.

- Puta que o pariu, a vadiazinha está gostando! 

Como seria a sensação? Talvez eu gostasse. Uma pena, mas nunca vou saber. O nó nas tripas urgiu. Virei-me para o idiota e sorri-lhe. Ele não cria. Assim como os demais. Segurei sua cabeça com delicadeza e entreabri os lábios. Passei-lhes a língua, como uma vadia faria. Eles rugiram. Puxei aquele que me fodia e enfiei a língua em sua boca. Mexia-a em todas as direções. Beijava-o com avidez, como se esta fosse devolver-me qualquer sensação. Mas só meu estômago tinha este privilégio. Cedi, então. Fazer o quê. 

Arranquei-lhe a língua numa unica mordida. O grito era tão intenso que não sei o que lhe era pior, a dor ou o horror.  Tentou se desvencilhar, mas mordi novamente, arrancando o lábio inferior até o queixo, puxando tudo até arrebentar num belo naco pendurado entre meus dentes. Mastiguei com avidez e engoli tudo.

O nó nas entranhas dessorou.

Os demais também, agora, berravam. Como garotinhas. Fugiram, deixando o amigo ali, em espasmos e gritos, pressionando o ferimento com as mãos, caído ao chão. Despi-me, então, completamente. Sentei-me sobre ele, esfregando minha boceta no seu quadril.

- Não me acha bonita? Gostosa? Por favor, me faça sentir alguma coisa. Alguma coisa além de fome. 

Mergulhei-lhe com a boca escancarada. E comi até que as tripas ficassem entupidas. 

Um comentário:

Paulo disse...

Visceral, cara!
Bração
Barão