quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Dragão na Garagem




- Mãe! Pai! Corram! Está a prestes a me atacar! Socorro! 

Quando chegaram, Ela, com olhos azeviches, e um intenso rutilar no centro, interrompeu o avanço. Ficou a olhar-me, premendo os lábios numa fina linha sorridente, com um laivo de satisfação preenchendo-lhe a careta corrompida. Permaneceu fora da área coberta pela parca luz que atingia o centro do ambiente. Mas, ainda assim, podia escruta-la em detalhes. Mamãe e papai não. Por mais que eu gritasse e apontasse. Subiram comigo, ao meu quarto. Com muito esforço, me convenceram de alucinação, ilusão de óptica, e tantas outras explicações racionais. As noites seguintes foram veiculo ao terror, vez que a lembrança daquela vicissitude demorou a perder o viço. Muito se passou da vertiginosa noite na garagem. Conquanto convencido estivesse da quimera pueril de outrora, uma incomoda reminiscência assaltava-me toda vez que necessitava descer ao local da insólita retentiva. Assim, da ultima vez que precisei lá ir, a fleuma aguardava-me. Uma epifania mesmo. Naquela data, sem tempo a gritar por préstimos de papai e mamãe, A preferida dos demônios aproveitou obstinadamente o ensejo e golpeou-me com estenia hercúlea. No estertor que alastrava-me fustigante, o ineludível, enquanto libava-me o vermelho fluido, sentenciou, lacônica: 

- Agora sou mais que um teorema, não é mesmo? 

(...)

- Papai! Mamãe! Ele grita. Então encaro-o, e meus lábios dilatam em mordaz sorriso e contumaz avidez.  

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Rancor


Tânia Souza e Victor Meloni

Dedicado a Henry Evaristo

No quarto escuro, as cortinas moveram-se lentamente enquanto leves respingos negros tocavam o solo de madeira. Na cama, um homem balbuciava em meio a horrendos pesadelos. Uma frase sussurrada entrelaçou sonho e realidade. O lago, mais uma vez o lago e sua superfície negra. Ele se aproximou lentamente. Uma neblina espessa erguia-se em miasmas de madeiras apodrecidas e pedras cobertas por musgos. O tempo todo, sentia-se como se por trás das velhas árvores olhos nefastos o espiassem... No piso de madeira, pequenas poças de água se formavam em direção ao leito. As águas barrentas deixavam sua marca, seu odor nauseante.

— Sr Black....

O homem debateu-se no leito.

— Sr Black... — A voz sussurrava, insistente.— Sr Black, acorde!

Um arrepio de puro horror o percorreu e sentou-se assustado. Sentiu a pele pegajosa de suor. Os murmúrios do sonho ainda permaneciam ao seu ouvido, chamando-o. Ao seu lado, Aimée dormia, ressonando em paz. Há muito tempo Fergus não se levantava no meio da noite, o peito tomado por presságios. A garganta estava seca e em busca de água, caminhou pelo aposento. Saciada a sede, dirigiu-se ao pátio, atravessando-o até a mureta que o circundava.

O inverno ainda não mostrara suas garras, ao contrário, a longa e atípica estiagem parecia não ter fim, mas naquela noite, tudo mudaria. Foi ate a janela e lentamente aspirou o ar da noite. A casa parecia coberta por uma luz esverdeada doentia e o céu encobria, entre as nuvens escuras um luar de envolto em vermelho, enquanto um vento gélido soprava respingos de uma chuva distante. O frio chegara com a madrugada. As nuvens moviam-se de forma assombrosa e prenúncios de uma tempestade se apresentavam.

A tonalidade expressamente laranja tomava a noite e os andares da pequena fortaleza erguiam-se intocáveis, Fergus Black observou a paisagem pelo telescópio. Algo estava chegando. Poderia pressentir nos pêlos arrepiados dos braços. Nas fundações em pedra, na madeira que rangia levemente ao vento. Nos galhos das arvores agitadas. Voltou os olhos ao confuso labirinto que circundava a mansão onde vivia. Nada além de guardas ocasionais na ronda noturna. A estrada em espiral que conduzia à casa permanecia isolada, vazia. Ninguém ousaria se aproximar do lugar fortemente armado. Do lado oposto, o lago. A superfície pareceu-lhe um negro espelho. Ao longe, a chama de um fósforo e o brilho de um cigarro. Respirou mais calmo, os guardas eram de sua inteira confiança.

De súbito, vislumbrou nas pedras o que poderia identificar como um vulto escuro se arrastando. Fixando o olhar, suspirou aliviado quando uma ave sombria alçou vôo na noite. Observou mais uma vez as escadas em espiral, preparando-se para voltar quando seus olhos foram novamente atraídos para o lago negro, que se movia tal como se estivesse sendo cortado pela travessia de um visitante desconhecido. Arrepiou-se e voltou-se pronto para atacar o dono da mão fria que lhe tocava o ombro. Era apenas Aimée, a Sr Aimée Black, lhe abraçando:

— Volte para cama amor, está frio.

Olhou mais uma vez ao lago, que agora permanecia tranquilo. Vencendo a inquietação, voltou para seus aposentos e, tentando não se lembrar dos pesadelos, logo adormeceu.

No lago, o corpo esguio atravessou as águas escuras. Lentamente o vulto tomava a forma de uma moça que escalava as pedras, o vestido longo e negro desfazendo-se ao contato com a rocha cortante. Os cabelos pingavam e a pele era escura como a noite. Entre as sombras, tudo o que se via era a água vencendo a terra seca, caminhando lentamente em direção a mansão. A voz era baixa, feminina, sussurrada entre desespero e sedução.

—... Sr Black! Venha Sr Black!

Ela estava em meio as águas. Os longos cabelos ruivos e ondulados. A pele apresentava-se úmida como se coberta pelos mesmos musgos que espalhavam-se nas pedras. Black aproximou-se do lago. Um véu enegrecido e transparente se espalhou na superfície. Procurou, e suas mãos encontraram um galho na beira do lago. Estendeu-o e tentou puxá-lo, mas quando estas a tocaram, a renda apodreceu e retornou ao negrume das aguas. Ousou entrar, em direção a ela. Quando vislumbrou um sorriso, ao seu redor o sangue espalhou-se sob o espelho liquido, como raízes rubras, cobrindo a superfície escura pela cor vivida e sanguinolenta.

Sua imagem fornecia os ensejos do desespero imanente. Aquele que opugna todas as virtudes, onde o vicio escarnece da hipocrisia inerente a todas estas, sem exceção. Este paroxismo de aflição perpetrava-lhe o cartesianismo irreparável da alma e do corpo. Fergus serviu-se do medo inflexível, sentindo o amargo, o azáfama, forçoso da sua presença. Perscrutou as margens a emanar, recrescidas, o vapor da condensação e sentiu o conluio dos vapores, dos calores, com o malsão. O álgido que lhe cobria à cintura, tilintava-lhe os sentidos. Entorpecia tentativas de lograr a razão naquele endereço. A sobejar em laços encanecidos, misturados ao púrpuro visguento do liquido a dominar o recurso natural, em tranças que iam em dança lôbrega, abraçando membros enregelados, tronco em expansão, de um parco espírito dessorado pela vívida intenção do espectro.

- Sr Black, por que não atendeste meus desejos? Onde guardava sua máscula natureza nos dias quentes que insistiam em oferecer-me? Sr Black, onde estou agora que lhe quero mais? Sr Black, posso?

Faculdades existem para guiar-nos num mundo onde idéias e seu concreto são necessários. Onde, então, se um desvio obrigatório se apresentasse? Ali, Fergus Black encontrava angustia e dor, sufoco e rancor, miséria e terror. Ali, Fergus Black quedou-se no lutulento resultado das suas escolhas. Da sua pusilânime escolha.

(...)

As sentinelas percorriam os perímetros. Escrutavam as trevas que, em deliberação, escondem-nos as entranhas. O silencio fazia-os sossegarem. Seu senhor estava em segurança indubitável. Nada passara por seus diligentes olhos. Nada escapara a seus atentos ouvidos. Um ou outro mamífero silvestre. Algum réptil ignóbil. Nada mais. A suave fumaça deixava, ominosa, o fumo que lhes regozijava a carne. A lhes intumescer a garganta cheia de favores e imprecações. Alguns seixos jogados ao lago. Uns repetiam sua trajetória, batendo algumas vezes no espelho d’água. Outros afundavam sem tal peripécia. Todos “a” atravessavam. Os guardas? Nada enxergavam, a não ser um horizonte que se ia, tomado pelo negrume breve. Antes destas trevas, suspenso na superfície glacial, o apodítico destino daqueles que zombam do extraordinário. A sentença cabal dos corações cobertos em chagas, que se resumem no conspícuo aferro da vingança constrangida. Pelo quê? Pelo rancor que crispa todos os espíritos dissimulados pelos sofismas da virtude máxima. Créscimos do que outrora constituía a matéria de Fergus Black, nadavam no espelho devoluto do lago energúmeno pela expropação da bela Reed.

(...)

- Fergus? Querido? Novamente encarando a noite, meu amor? Retorne ao nosso leito. Venha aquecer-se, senão pretende resfriar-se.

A silhueta do homem, desenhada contra a janela pela forte luz da noite que impera, permanecia estática. Em silêncio imperturbável. Aimée toca o lado do cônjuge. Pede sua presença novamente, e recebe o relevo inconcusso de outro corpo a vizinhar-lhe. O músculo régio em seu peito dispara vertiginoso. É obsedada pelas mais viperinas sensações, pois sabe-se em últimas de tempestuosa presença. Vira-se reticente, e encara a face encovada, dona de cabelos encarnados e olhos trêfegos, ávidos por supliciar seu objeto.

- Sra Black, por que deputaste seu senhor a tal empresa encarniçada? Sabia-o de espírito entibiado. Entendeste, desde sempre, minhas razões. Sra. Black, por que, então, me julgaste esta frascária? Sr Black, onde estou? Ajuuuuda-meeee...mãeeee....

(...)

Encontrar a maldade que nasce túrgida da veia imperscrutável de atitudes ominosas é, com freqüência, assaz determinante. E esse recrescer que não ouve suplicas de arrependimento arrebata percuciente todos aqueles que deferiram a natureza do castigo impensado. A doce e bela Reed. A menina que fez da paixão sua lápide ignara. Agora repousa sentenças entenebrecedoras àqueles que não a entenderam. E cobra as dores do espírito, em juros da carne.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Aptidão


Sabe você o que pode sublimar a sanha? Tranquilize-se, caso a resposta seja um tonitruante não! Pois, em respeito à verdade, sendo o primeiro valor entorpecido pelo relativismo registrado dos vícios e das virtudes, ninguém o sabe. Forçoso dizer, ninguém que sofra da mesma ascendência biliosa que me forma. A natureza inexorável da fúria que reclama inopinada!
Se, apenas por um átimo, nada além disto, soubéssemos existir tal conhecimento, mesmo descansando sob sombras d’algum consciente, o furacão desolador da esperança já haveria de nos ter manifestado seus irreconhecíveis sintomas. Mas, se o são, como sabe-los? Cruciante armadilha filosófica a nos assombrar durante todos estes anos onde a matemática se perde na tentativa de mostrar sua ciência, e apenas o saber originado da mesma espécie fornecer-nos-ia o alívio a inicial pergunta. Nós, filhos da sofreguidão, não o temos. Só conjeturamo-lo. Assim, a sensação da resposta, ou melhor, das respostas, é inescrutável ao preço que costuma cobrar a carne, o sangue envolto na dor da avidez.
Sobra-nos? Dentes que se querem presas. Unhas que reclamam-se garras. Vísceras que proclamam-se valhacouto iniludível. Uivos que se afirmam trovões, arautos do mal inescapável. E, para questão primeira, nada. E esta falta recrudesce as afirmativas do inicio deste parágrafo. E legaliza, sem apelações, aquilo delas resulta. Viceja assim a vontade imiscuída no cerne da necessidade, que vive a alimentar o mecanismo perpétuo a fustigar as entranhas. Neste momento intensificamos o perquirir à pergunta que abre este breve relato. Mas, no confronto do recrescer, a dúvida enfraquece na sombra do desejo, na força da vontade. Aquele que não tergiversa na hora da refeição. No momento de mastigar e engolir. Então, sobra-nos? Aceitar aquilo para que somos aptos, onde a seleção nos quis.
Correm, bufam, gritam, choram. Encalistra-me o desespero irrefreável. A completa ausência de espírito. Só o medo dirige-os. E este está sempre perdido em sua direção. Conquanto necessário, faz vítimas estúpidas, caso não veja que pede, ele, por enfrentamentos. E nunca o fazem. Sabe, alguém, o que pode sublimar a sanha? Ninguem escuta. As pernas em rápido e desordenado deslocamento é a resposta. Errada. Atiça-me, só. Nada mais. O que fazer? Resolvo este conflito da única, até agora, maneira que sei. Que conheço. Ataco. Rasgo e mordo. Mordo e rasgo. Mastigo e engulo. Sugo. Uivo. E ouço. Sempre. A mesma ladainha. Esqueço a pergunta. Estou tranqüilo com a resposta.

terça-feira, 16 de março de 2010

Uma breve história no tempo. No tempo de um gigante entre nós.

Há um mês, um gigante da Litfan nacional nos deixou. Conquanto sua ida tenha nos deixado orfãos de uma das mais profícuas penas da literatura fantástica (e da companhia de um ser humano sem igual), seu legado literário, na forma do gênero conto, encontra-se no panteão onde, sem limites, residem os monstros sagrados desta vertente. Imagino os colóquios travados entre Edgar, Howard e Henry, na academia dos mestres. E sou atingido por uma verve impronunciável. Posto aqui, neste pequeno endereço, uma obra sombria, carregada de significados sobre a vida e sua pequenez diante do inevitável fim e do imaginário que ele suscita. Sem mais, senhoras e senhores, encarem

O Poço

Henry Evaristo


Chovia a cântaros na noite em que joguei minha esposa nas águas frias e escuras do poço de minha mansão. O vento sinistro da tormenta açoitava como um gélido flagelo minhas roupas encharcadas enquanto eu a ouvia agonizar afogando-se em algum ponto em que as trevas já impossibilitavam a visão.

Depois entrei aliviado em minha residência e tudo parecia ter adquirido uma coloração diferente do cinzento ao qual eu estava já tão habituado. Olhei para todos os lados e aquele novo colorido me fez lembrar os tempos de infância e de liberdade. As lágrimas escorreram por meu rosto onde um inelutável sorriso se estampara sem que nem ao menos pudesse percebê-lo antes de deparar-me, inesperadamente surpreso, com o imenso espelho na parede esquerda da sala. Ali, pela primeira vez em vinte anos, vi a minha própria imagem refletida sem que sobre ela restasse a sombra medonha da criatura odiosa com quem eu havia contraído um matrimônio peçonhento e trágico. Felizmente a esta tragédia eu havia dado um ponto final esta noite! Mais tarde, já alta madrugada, subi ao quarto principal; deitei-me na imensa cama de casal e não pude conter as gargalhadas por senti-la tão espaçosa, tão definitivamente minha!!! Era exatamente isso que eu ansiara por tanto tempo: espaço, privacidade, silêncio. Oh, o silêncio era tão precioso para mim! E aquela bruxa horrenda nunca o respeitara. Agora respeita! Coberta que está, por litros e litros de água fria e escura, no fundo do poço onde a joguei, pois, com exceção do leve ruído dos galhos das árvores roçando as paredes do lado de fora da casa, movidos pela força do vento, tudo mais é quietude.

Quando despertei mais tarde nem mesmo percebera que adormecera e, ao olhar em meu relógio de pulso, descobri que passava um pouco das três da manhã. De início fiquei aturdido tentando imaginar o que me arrancara de um sono reconfortante como há muito não tinha. Depois percebi que o vento lá fora ainda estava furioso, pois os fortes galhos das árvores ao redor da casa continuavam a arranhar e forçar portas e paredes.

Decidi levantar-me e ir até a janela desfrutar um pouco da paisagem de minha propriedade sob aquela chuva torrencial, pois paisagens noturnas, sob tormenta ou nevoeiro, sempre me agradaram com seus aspectos lúgubres. Ao abrir as cortinas sobre a vidraça que era a janela de meu quarto, no entanto, tive uma enorme e perturbadora surpresa, pois, apesar de ainda estar ouvindo o uivo do vento e o arranhar dos galhos nas paredes, toda a chuva já passara e o céu estava límpido e carregado de estrelas.

No entanto, os barulhos continuavam e de repente assumiram um novo aspecto. Agora que a convicção da precipitação como causadora não mais existia, minha mente abrira um novo leque de possibilidades e o gemido que ouvia não era mais do vento e tampouco os arranhões nas paredes estavam do lado de FORA da casa. Pelo contrário: pareciam vir subindo rapidamente as escadas para o segundo andar onde eu estava.

Fiquei parado, paralisado, na sacada de meu quarto e senti minhas pernas dobrarem quando, do corredor, em um ponto bem em frente à porta, veio um uivo pavoroso que era um misto de dor, medo e ódio; um lamento que era animal, mas, antes de tudo, continha uma humanidade desesperada. Caí de joelhos pedindo à providência que me poupasse daquele horror, fosse ele o que fosse, e baixei a cabeça com os olhos fechados em alguma espécie de oração mal articulada.

Neste momento ouvi a porta do quarto ceder sob uma incrível pressão e em seguida uma maligna rajada de vento quente invadiu o ambiente. No final eu não podia me mover; os grilhões do medo me haviam aprisionado para além das possibilidades humanas, pois não era humano aquilo que entrou em minha casa aquela noite. Em meio ao calor que me atingia ainda tive duas sensações antes de desmaiar: a de um tênue cheiro de um perfume, que me era bastante conhecido dos tempos de casado, e a de que jogavam em mim, de um ponto mergulhado na escuridão a minha frente, gotas de alguma água fria e pegajosa. No entanto o que me tirou os sentidos não foi, de maneira alguma, uma impressão e sim uma percepção bem concreta, pois senti quando alguma fera diabólica, com um hálito frio e fétido, se abaixou sobre mim e me sussurrou no ouvido:

"Maldito, tu nunca mais dormirás de novo!"


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Henry Evaristo, obrigado por tudo.

Henry é um daqueles caras que não passa despercebido pela sua vida. Com sua inteligência afiada, nos mostra como esta é muito maior que os nossos desejos, que nossos propósitos egoístas. Conversar com este acriano é um aprendizado grandioso. Suas opiniões nos provocam, nos tiram do lugar comum, nos mostram como deveríamos buscar por aquilo que presunçosamente achamos saber. Henry é uma metralhadora giratória contra costumes anacrônicos, contra dogmas ingaros. O acriano usa as palavras para desorientar (isso mesmo! que delícia, não?)e, assim, conduzir-nos, sem mostrar o óbvio, à perguntas que deveriam ser constantes em nossa vida acomodada. Aliás, inconformar-se é vital ao senhor Evaristo. E como ele faz isto com maestria. Aprendo um turbilhão de esquemas e revejo um outro de conceitos, quando converso com este mestre, ou quando leio seus textos. Ele está aqui comigo. Meu mestre, meu amigo, meu irmão. Uso de eufemismo e digo que ele, de repente, sumiu. Não acredito em alma, espírito, outros mundos, outras vidas. Acerdito nele. Em seu exemplo. Que, para mim, será perene. Enquanto estiver eu a andar neste mundinho. Por isso usei todos os verbos no presente. Henry, obrigado por tudo.