terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O espesso contingente de um fantasma

Seus olhos. Esferas acostumadas. Vítimas. Quais questões logram aquilo que enxergas? E quais insistem, bem sucedidas, na doutrina? Perscrute a ligação conturbada a me entregar. Incoerente? Outro diligente esforço do ditame, apenas. Estou aqui. Alhures. Nenhures. Alcance o cume do véu. Agora puxe-o resolutamente! Está vendo? Lembra-te do sábio? Muitos vêm, mas poucos enxergam! Teime com isso. Afasta-te do propósito que lhe nega o esquadrinhar fremente. O que entregar-lhe-á o sorvo. Estou aqui. Ao seu lado. Toca-me e sinta o passeio.
Elas são tão gentis. Cerdas doces, que aspiram sua atenção. Inspire o perfume da trama que arquiteta minhas idéias. Encare-me. Gosta do que, agora, pode ver, enxergar? Vê-me langorosa? Ou julga-me tranquila? Afinal, não posso ser as duas? Ou todas? Que questões logras...
Estarei aqui. Não vou embora. Partir não. É-me impossível. Confesso gostar. Sorver as possibilidades opacas, difíceis, garantem prazer imperscrutável. Não poder investigar é tão, mas tão, candente, que provoca aquela luz bruxuleante a nos seduzir ao final da catarse. Dê-me as mãos. Mostrar-lhe-ei qual. Seus olhos. Nos meus. Encanecidos? Necessário. Forçoso. Uma das leis. Chegue mais perto. Venha. Entre. Use o corrimão. Aprecia o amarelo? Os meus fios misturam-se às suas linhas. Elas são tão gentis. Oh, como são. Preciso repetir. Os lábios exânimes o agradam? Não sorrio, mas o posso. Quer? Está com frio? Gosta do anil puído? Aquece também. Elas entram e saem. Massageiam a tez. A vontade também. Branca, alva. Simpatiza com esta pele? Tenho que dizer-lhe. Há mais tempo fiz o mesmo com tantos. Pense no que enxergarás. Pense. Apenas pense. Não existe outra passagem. Precisa aproximar-se. Olhe. Elas estão esperando. Ansiosas. Sôfregas. Como eu. Correm. Eu também. Não vê? Que pena. Seus olhos. Como lhe disse. Seus olhos. Está tudo neles. Entregueme-os, pois o resto já tenho. Olhe! Elas, eu, estamos aqui. Nem percebeu? Rsrsrsrsrs! Terás muito tempo para. Só me entregue os olhos. Gentilmente. Posso arrancá-los se preferir. Espólio. Não, não chores. Só os feche, e me entregue.

O umbral, atrás, é incerteza. Densa, por isso turva. Seus olhos. Meus olhos. Entre. Escute o tugir que de lá escapa. Psssshhhhh....Este sim, sem proselitismos tácitos. Não enxugue as lágrimas. Que bom. Estamos felizes por sua decisão. Talante liberta! Que deus, na sua indiferença, lhe tenha compaixão rsrsrsrsrsrsrsrsrsr

3 comentários:

Luiz Poleto disse...

É muito bom ler uma boa história de Terror escrita de forma quase erudita, e ainda banhada com um bocado de poesia.

Seu estilo é único, inconfundível, e espero que continue assim.

Tânia Souza disse...

oh!

Desativado disse...

... e a entrega é inevitável, um vislumbre que toma a mão da "vítima" e a leva ao seu destino incerto.
Excelente, grande Victor !!!